Vamos nos enviadescer

Quando eu sai do armário (ou fui arremessado para fora dele) sabia que ia ser difícil e entendi a maior preocupação da minha mãe naquela situação.‘Você está se protegendo?’ foi a primeira coisa que ela me perguntou. Ela também me disse várias coisas relacionadas ao meu bem estar e como a sociedade lida com pessoas como eu.

Logo que eu comecei a me relacionar eu notei uma preferência dos outros: Eu como um jovem gay afeminado super fã da Lady Gaga não era um padrão desejado nem levado a sério dentro do “meio”. A partir disso eu comecei a passar por um processo de auto-censurar atitudes e trejeitos considerados “gay demais” para tentar não me inferiorizar, mal eu sabia que errada era a sociedade.

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Gosto de gente bem afrontosa

O negócio é o seguinte: A construção social em que vivemos é patriarcal, ou seja, ela bota o homem em evidência e a mulher (ou qualquer simbolo feminino) em segundo plano, estando o homem heterossexual cisgênero no topo da cadeia social, e tudo abaixo disso é menor ou inferior. Isso significa que se você foi designado homem no nascimento e está “agindo” como mulher (lembrando que eu não compactuo com esse tipo de pensamento retrógrado) tem algo errado contigo e deve ser corrigido, esse é um comportamento originado do machismo estrutural inserido na nossa sociedade e deve ser combatido. Quando o cara diz que não “curte” afeminados no chat do Grindr, não é só questão de gosto, como muitos gostam de afirmar, mas sim uma construção social que impõe isso guela abaixo das pessoas nos fazendo acreditar que quanto mais másculo melhor, mas já parou para pensar na quantidade de rapazes incríveis e interessantes que podem estar sendo rejeitados mesmo que seja só para uma noite de sexo casual? Há coisas muito mais importantes à se pensar que corpos sarados e vozes graves.

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Saullo e seus dançarinos são incríveis! (Assim como seus tijolos)

Eu acredito uma sociedade igualitária que aceita e inclui a todos independente de nossas diferenças, então se eu tenho que passar um recado aqui é: Seja muito viado!
Eu já cansei de viver nessa sociedade que nos oprime e hoje em dia me sinto muito mais confiante e aberto a ser eu mesmo, com todos os trejeitos e o mais transparente possível. Temos que nos empoderar de termos como “bicha, viado ou boiola”e transformá-los no nosso mantra diário.

Recentemente eu ouvi que eu ando a me expor demais, mas como é que a gente vai lutar pelos nossos direitos tentando nos encaixar no padrão? Quero deixar pra quem estiver lendo este texto que não tenha vergonha em segurar a mão do seu namorado em público, o beijar, ou até gritar aquele “Inhaí!!” pra seu melhor amigo no meio do shopping. Está tudo bem em ser você mesmo. Todo ato por menor que ele seja é um ato político e temos que representar e dar voz pro nosso movimento, sem excluir nem segregar, somos melhores juntos. Eu não vou deixar ninguém me calar, e você?

Para posteriores inspirações, vou deixar uma playlist bem babadeira aqui embaixo pra gente seguir aí afrontando o patriarcado. Um beijo, e até semana que vem ✌

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