Deixem o Tyler falar

tyler-the-creator-open-bar-freestyle-1-730x486

Liberdade de expressão: A gente lutou tanto pra conquistar o direito de expressar nossos sentimentos e dizer seja lá o que for doa a quem doer, afinal de contas o que nos torna seres humanos individuais e únicos na minha opinião é o fato de termos a habilidade de argumentar, e isso é ótimo já que por causa de pessoas que pensavam diferente e “fora da caixa” que não vivemos numa sociedade retrógrada e que (na maioria das vezes) respeita a individualidade e nos dá o livre arbítrio de fazer o que quiser da nossa vida e quando eu vejo a pressão e censura que artistas como Tyler, the Creator sofrem por apresentar relatos reais e crus da hipocrisia do mundo atual me deixa um pouco preocupado com a tamanha falsa-moral imposta pela nossa geração, ás vezes acho que na verdade devo estar numa comunidade amish numa vila rural dos Estados Unidos nos anos 50.

Acho que a pior coisa que você pode fazer para um artista é privá-lo de seu pensamento e da sua habilidade de criar, e é isso que muitas pessoas — leia-se o governo falso moralista britânico — que não entendem a mensagem por trás de todo aquele tormento e preferem apenas ignorar tudo e gritar “estuprador, homofóbico” sem ao menos se dar ao trabalho de ouvir com atenção e parafraseando o próprio Tyler:

“To have bunch a critics call my shit a bunch of horrorcore”

A coisa que mais admiro no Tyler é a habilidade dele de compor tanto faixas críticas, ácidas e sujas quanto algumas depressivas, pesadas, melódicas e algumas –quase– felizes. É difícil dizer que a mesma pessoa de faixas como Goblin, Yonkers e French também é a mesma em She, Find Your Wings, IFHY e Lone, tudo isso graças aos alter-egos dele que de acordo com ele próprio ajudam na composição e criação e direção dos videos, As influências á jazz, soul e R&B conjuntas e todo o swag e bom humor dele faz de algumas músicas muito memoráveis. Ele merece uma chance, vai?

É claro que nem tudo que ele fala realmente me convence, como algumas faixas da mixtape Bastard, em que há várias apologias ao estupro de ranger os dentes. Porém eu consigo enxergar bem a dor e o tormento que ele passa, principalmente nas faixas em que ele fala sobre o relacionamento com o pai – já que meu pai foi embora quando eu tinha 11 anos –. Esse que provavelmente nunca teve interesse na vida do filho, deixando uma marca profunda na personalidade dele, e isso é muito escancarado na faixa Answer, em que ele descarrega toda a sua frustração e fala tudo que está engasgado, porém no final da estrofe ele continua dizendo que espera que ele atenda as suas ligações. É extremamente tocante e um dos melhores momentos do disco Wolf.

Got a show on Monday, guess who ain’t getting no passes, nigga?
But if I ever had the chance to ask this nigga
And call him…
I hope he answer

Por fim, eu queria deixar aqui o meu apelo. Muita gente precisa expandir mais suas mentes, não aceitar a primeira resposta como única e absoluta, duvidar e argumentar é o que nos diferencia dos outros animais. É importante ver as possibilidade de interpretar o mundo do nosso próprio modo, e arte é sobre isso, cada interpretação gera um significado diferente e pessoal. Você vai querer ver o horrorcore ou vai ter um olhar mais crítico?


Conheçam mais sobre meu gosto musical no meu perfil do Last.fm

 

Deixe um comentário